Diagnóstico Psicopedagógico

Diagnóstico Psicopedagógico



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Diagnóstico Psicopedagógico
RESUMO
O objetivo desse artigo é conhecer os fundamentos que regem a psicopedagogia, bem como a atuação do psicopedagogo clínico junto à mesma. Nesse artigo buscaremos conhecer e aprofundar sobre o diagnóstico psicopedagógico, elencando as várias interferências que contribuem com as problemáticas do indivíduo bem como os testes capazes de fazer diagnósticos com o intuito de saná-las eficazmente.

ABSTRACT
The aim of this paper is to understand the fundamentals governing the educational psychology as well as the performance of clinical psychoeducator next to it. In this article we will seek to know and deepen on the diagnosis psychology, listing the various interferences that contribute to the problems of the individual as well as diagnostic tests capable of doingin order to solve them effectively.

Introdução
A psicopedagogia tem como objeto de estudo a aprendizagem humana, fator este que se originou da necessidade de resolver as dificuldades de aprendizagem. Para tanto, devemos salientar que o estudo e a prática da psicopedagogia vão além dos limites da Psicologia e da Pedagogia, pois conta com uma gama de informações que abrangem as diversas áreas do conhecimento como a psicanálise, filosofia, sociologia, neurologia, dentre outras.

Essas importantes áreas de estudo permitem que a psicopedagogia se complemente dando a ela várias faces e múltiplos olhares. Sendo assim, a psicopedagogia torna-se um campo de estudo multidisciplinar que não se restringe à psicologia bem como à pedagogia.

O psicopedagogo, consequentemente torna-se um profissional multidisciplinar também. Esse fator permite que o mesmo adquira conhecimentos de diversas áreas de estudo e complemente sua intervenção psicopedagógica, podendo assumir uma prática preventiva ou terapêutica, relacionando-se com campos ligados à saúde e educação.

No que diz respeito à definição do termo psicopedagogia, seus fundamentos e as correntes teóricas que a embasa observa-se que alguns psicopedagogos brasileiros denotam a psicopedagogia como uma área de aplicação e estudo multidisciplinar que tem procurado sistematizar um corpo teórico próprio, definindo seu objeto de estudo e delimitando seu campo de atuação.

O campo de atuação do psicopedagogo refere-se não só ao espaço físico onde se dá esse trabalho, mas especialmente ao espaço epistemológico que lhe cabe, ou seja, o lugar deste campo de atividade e o modo de abordar o seu objeto de estudo. O trabalho clínico não deixa de ser preventivo, uma vez que, ao tratar alguns transtornos de aprendizagem, pode evitar o aparecimento de outros. O trabalho preventivo, em uma abordagem psicopedagógica, é sempre clínico e, por sua vez, não deixa de resultar em um trabalho teórico. Tanto na prática preventiva como na clínica, o profissional procede sempre embasado no referencial teórico adotado. (PORTO, 2007).

Desta forma, o trabalho psicopedagógico pode, certamente, ter um caráter assistencial. Isso acontece quando, por exemplo, o psicopedagogo participa de equipes responsáveis pela elaboração, direção e evolução de planos, programas e projetos no setor de educação e saúde, integrando diferentes campos do conhecimento.

A psicopedagogia ocupa-se, assim, de todo o contexto da aprendizagem, seja na área clínica, preventiva, assistencial, envolvendo elaboração teórica no sentido de relacionar os fatores envolvidos nesse ponto de convergência em que opera. (BOSSA, 2000, p. 30)

Entende-se que o psicopedagogo atua intervindo como mediador entre o sujeito e a sua história traumática, ou seja, a história que lhe causou a dificuldade de aprender. O profissional deve tomar ciência do problema de aprendizagem e interpretá-lo para a devida intervenção. O psicopedagogo auxiliará o sujeito a reelaborar sua história de vida, reconstruindo fatos que estavam fragmentados.

Para que o trabalho do psicopedagogo se concretize de uma maneira mais eficaz é necessário que o mesmo tome conhecimento dos procedimentos e testes de aplicação de diagnóstico pelo qual chamamos de Diagnóstico Psicopedagógico. Todo diagnóstico psicopedagógico é uma investigação. Nessa investigação pretende-se obter uma compreensão global do indivíduo, bem como sua forma de aprender e dos desvios que estão ocorrendo nesse processo. 
 
1 Fundamentos da Psicopedagogia
O termo psicopedagogia atualmente se apresenta com uma característica especial. À primeira vista, o termo sugere algo como uma aplicação da Psicologia à Pedagogia, porém essa definição não reflete o real significado do mesmo.

Segundo Lino de Macedo: O termo já foi inventado e assinala de forma simples e direta uma das mais profundas e importantes razões da produção de um conhecimento científico, a Psicopedagogia que nasceu da necessidade de uma melhor compreensão do processo de aprendizagem, não se basta como aplicação da Psicologia à Pedagogia. (...) sendo assim, pode-se ser definido como aplicação da psicologia experimental à pedagogia. (MACEDO apud BOSSA, 2000, P.17)

A psicopedagogia tem como objeto de estudo a aprendizagem humana. Surgiu da demanda dos problemas de aprendizagem e se situou além dos limites da Pedagogia e da Psicologia. Os diversos autores que tratam da Psicopedagogia enfatizam o seu caráter interdisciplinar. A psicopedagogia como área de aplicação, tem procurado sistematizar um corpo teórico próprio, definir o seu objeto de estudo, delimitar seu campo de atuação e, para isso, recorre à Psicologia, Psicanálise, Fonoaudiologia, Medicina, Pedagogia. Pelo fato de lidar com essa interdisciplinaridade, a psicopedagogia causou um estado de confusão por causa da utilização de toda uma polissemia aplicada a um só termo.

Apesar desse fato, alguns psicopedagogos brasileiros descrevem a psicopedagogia da seguinte maneira:
(...) o objeto central de estudo da Psicopedagogia está se estruturando em torno do processo de aprendizagem humana: seus padrões evolutivos normais e patológicos - bem como a influencia do meio (família, escola, sociedade) no seu desenvolvimento. (KIGUEL apud BOSSA, 2000, p.19)
(...) a psicopedagogia estuda o ato de aprender e ensinar, levando sempre em conta as realidades interna e externa da aprendizagem, tomadas em conjunto. E, mais, procurando estudar a construção do conhecimento em toda a sua complexidade, procurando colocar em pé de igualdade os aspectos cognitivos, afetivos e sociais que lhe estão implícitos. (NEVES apud BOSSA, 2000, p.19)
(...) a psicopedagogia estuda o processo de aprendizagem e suas dificuldades e, em uma ação profissional, deve englobar vários campos do conhecimento, integrando-os e sintetizando- os. (SCOZ apud BOSSA, 2000, p.19)

Então, por causa da complexidade do seu objeto de estudo, são importantes à Psicopedagogia conhecimentos específicos de diversas outras teorias, as quais incidem sobre os seus objetos de estudo. Essas considerações em relação ao objeto de estudo da psicopedagogia sugerem que há certo consenso quanto ao fato de eu ela deve ocupar-se em estudar a aprendizagem humana. É importante, no entanto, ressaltar que a concepção de aprendizagem é resultado de uma visão de homem, e é em razão desta que acontece a práxis psicopedagógica.

Segundo (VISCA apud BOSSA, 2000, p.25), "a Psicopedagogia foi se perfilando como um conhecimento independente e complementar, por assimilação recíproca das contribuições das escolas psicanalíticas, piagetiana e da Psicologia Social de Enrique Pichón-Riviére".

Desta forma, entende esse autor ser possível compreender a participação doas aspectos afetivos, cognoscitivos e do meio que confluem no aprender do ser humano. Atualmente, a psicopedagogia trabalha com uma concepção de aprendizagem segundo a qual participa desse processo um equipamento biológico com disposições afetivas e intelectuais que interferem na forma de relação do sujeito com o meio, sendo que essas disposições influenciam e são influenciadas pelas condições socioculturais do sujeito e do seu meio.

Conhecer os fundamentos da Psicopedagogia implica refletir sobre as suas origens teóricas, ou seja, revisar velhos impasses conceituais que atuam na ação e na atuação da Pedagogia e da Psicologia no apreender do fenômeno educativo. Da Pedagogia, a Psicopedagogia traz as indefinições e contradições de uma ciência cujos limites são os da própria vida humana. Envolve simultaneamente, o social e o individual em processos tanto transformadores quanto reprodutores. Da Psicologia, a Psicopedagogia herda o velho problema do paralelismo psicofísico, um dualismo que ora privilegia o fisco (observável), ora o psíquico (a consciência).

Essas duas áreas não são suficientes para apreender o objeto de estudo da Psicopedagogia - o processo de aprendizagem e suas variáveis - e nortear a sua prática. Dessa forma, recorre-se a outras áreas como a Filosofia, a Neurologia, a Sociologia, a Linguística e a Psicanálise, no sentido de alcançar compreensão desse processo. 

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Vimos que, devido à complexidade do seu objeto de estudo, são importantes à Psicopedagogia conhecimentos específicos de diversas outras teorias, as quais incidem sobre os seus objetos de estudo como mostra a seguir:
-Psicanálise: encarrega-se do mundo inconsciente, das representações profundas, operantes através da dinâmica psíquica que se expressa por sintomas e símbolos, permitindo-nos levar em conta a face desejante do homem;
-Psicologia Social: encarrega-se da constituição dos sujeitos, que responde às relações familiares, grupais e institucionais, em condições socioculturais e econômicas especificas e que constituem toda aprendizagem;
- Epistemologia e Psicologia Genética: se encarregam de analisar e descrever o processo construtivo do conhecimento pelo sujeito em interação com os outros e com os objetos;
- Linguística: traz a compreensão da linguagem como um dos meios que caracterizam o tipicamente humano e cultural: a língua enquanto código disponível a todos os membros de uma sociedade e a fala como fenômeno subjetivo, evolutivo e historiado de acesso à estrutura. 
- Pedagogia: contribui com as diversas abordagens do processo ensino-aprendizagem, analisando-o do ponto de vista de quem ensina;
- Neuropsicologia: possibilita a compreensão dos mecanismos cerebrais que subjazem ao aprimoramento das atividades mentais, indicando-nos a que correspondem do ponto de vista orgânico, todas as evoluções ocorridas no plano psíquico.

Nenhuma destas áreas surgiu especificamente para responder à problemática da aprendizagem humana. Elas, no entanto, nos fornecem meios para refletir cientificamente e operar no campo psicopedagógico.

2 O Psicopedagogo Clínico
O Psicopedagogo Clínico diagnostica, orienta, atende em tratamento e investiga os problemas emergentes nos processos de aprendizagem. Esclarece os obstáculos que interferem para haver uma boa aprendizagem. Favorece o desenvolvimento de atitudes e processos de aprendizagem adequados. Realiza o diagnóstico-psicopedagógico, com especial ênfase nas possibilidades e perturbações da aprendizagem; esclarecimento e orientação daqueles que o consultam; a orientação de pais e professores, a orientação vocacional operativa em todos os níveis educativos.

A psicopedagogia no campo clínico emprega como recurso principal realização de entrevistas operativas dedicadas à expressão e a progressiva resolução da problemática individual e/ou grupal daqueles que a consultam. O psicopedagogo também é um profissional bastante solicitado para trabalhar em hospitais o que chamamos de psicopedagogia hospitalar.

O campo de atuação do psicopedagogo refere-se não só ao espaço físico onde se dá esse trabalho, mas especialmente ao espaço epistemológico que lhe cabe, ou seja, o lugar deste campo de atividade e o modo de abordar o seu objeto de estudo.

O trabalho clínico não deixa de ser preventivo, uma vez que, ao tratar alguns transtornos de aprendizagem, pode evitar o aparecimento de outros. O trabalho preventivo, em uma abordagem psicopedagógica, é sempre clínico e, por sua vez, não deixa de resultar em um trabalho teórico. Tanto na prática preventiva como na clínica, o profissional procede sempre embasado no referencial teórico adotado. (PORTO, 2007).

Nesse trabalho clínico o psicopedagogo busca não só compreender o porquê de o sujeito não aprender algumas coisas, mas o que ele pode aprender e como. A busca desse conhecimento inicia-se no processo diagnóstico, momento em que a ênfase é a leitura da realidade daquele sujeito, para então proceder à intervenção, que é o próprio tratamento ou o encaminhamento. 

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3 Diagnóstico Psicopedagógico
O psicopedagogo utiliza o diagnóstico psicopedagógico para detectar problemas de aprendizagem. Rubinstein (1996) compara o diagnóstico psicopedagógico com um processo de investigação, no qual o psicopedagogo assemelha-se a um detetive à procura de pistas, selecionando-as e centrando-se na investigação de todo o processo de aprendizagem, levando em conta a totalidade dos fatores envolvidos.

É ele, portanto, a base que dará suporte ao psicopedagogo para que este faça o encaminhamento necessário. É um processo que permite ao profissional investigar, levantar hipóteses provisórias que serão ou não confirmadas ao longo do processo recorrendo, para isso, a conhecimentos práticos e teóricos.

Esta investigação permanece durante todo o trabalho diagnóstico através de intervenções e da "... escuta psicopedagógica...", para que "... se possam decifrar os processos que dão sentido ao observado e norteiam a intervenção". (BOSSA, 2000, p. 24). Afirma que o diagnóstico psicopedagógico é, em si, uma intervenção, pois o psicopedagogo tem de interagir com o cliente, a família e a escola, partes envolvidas na dinâmica do problema.

A autora declara que: durante e após o processo diagnóstico, serão construídos um conhecimento e uma compreensão a respeito do processo de aprendizagem. Isso permite que o psicopedagogo tenha maior clareza a respeito dos objetivos a serem alcançados no atendimento psicopedagógico. (RUBINSTEIN, 1996, p.28)

Quanto aos procedimentos, entende-se que a atuação do psicopedagogo, tanto na clínica quanto na instituição, é de natureza multidisciplinar, até porque a psicopedagogia assim se constitui; o uso de procedimentos para diagnóstico e intervenção provém de diversos procedimentos para diagnóstico, e a intervenção decorre de diversas áreas - embora a psicopedagogia já conte com recursos próprios.

O psicopedagogo pode usar como recurso a entrevista com a família; pode, também, investigar, o motivo da consulta, procurar conhecer a história de vida da criança, realizando a anamnese, entrevistar o cliente, fazer contato com a escola e outros profissionais que atendem a criança, manter os pais informados de seu desenvolvimento e da intervenção que está sendo realidade e encaminhar o caso para outros profissionais, quando necessário. (RUBINSTEIN, 1996)

Desta forma, o diagnóstico psicopedagógico clínico deve concentrar-se em levantar hipóteses, verificar o potencial de aprendizagem, mobilizar o aprendiz e o seu entorno (família e escola) no sentido da construção de um olhar sobre o não aprender. (RUBINSTEIN, 1996, p. 134)

Os recursos constituem instrumentos para a realização do diagnóstico e da intervenção psicopedagógica. Por meio dos jogos, o sujeito pode se manifestar, sem mecanismos de defesa, os desejos contidos em seu inconsciente. Levando-se em conta que o sujeito possui poucos recursos (de vocabulário, por exemplo) para se comunicar expressar o que sente e o que deseja, ele pode fazer o uso de jogos, desenhos e brincadeiras para manifestar suas emoções. Cabe, pois, ao psicopedagogo estar atento para escutar e analisar as mensagens; enfim, para ouvir o sujeito.

3.1 Anamnese

Essa técnica consiste em uma entrevista mais abrangente através de um roteiro onde a mesma é realizada com a família. É ela que possibilita a integração das dimensões de passado, presente e futuro do paciente, permitindo perceber a construção ou não de sua própria continuidade e das diferentes gerações, ou seja, é uma anamnese da família. Com essa entrevista, tem-se por objetivo colher dados significativos sobre a história de vida do paciente.

Da análise do seu conteúdo, obtemos dados para o levantamento de hipóteses sobre a possível etiologia do caso, por isso é necessário que seja bem conduzida e registrada. A anamnese busca contemplar os seguintes objetivos:
- Obter dados a respeito das possíveis causas da problemática de aprendizagem do sujeito, investigando em profundidade a sua história de vida, desde a concepção até o momento atual;
- Analisar, por meio de uma leitura dos fatores oriundos das relações vinculares e do desenvolvimento biopsicoafetivo e cognitivo, a presença de indicadores de uma problemática que justifique uma investigação mais profunda;
- Levantar hipóteses sobre as causas dos sintomas e dos fatores de manutenção do comportamento;
- Investigar, no desenvolvimento da criança, a forma pela qual "aprendeu a aprender" que possa justificar a defasagem em suas ações sobre o real;
- Obter dados, pesquisando as relações vinculares familiares, sobre a forma pela qual a criança internalizou determinados modelos de aprendizagem;
- Delinear os instrumentos do diagnóstico, com base nas hipóteses levantadas. O psicopedagogo poderá utilizar o roteiro descrito, formulando perguntas, mas deixando os pais falarem de forma detalhada, interrompendo-os caso o discurso caminhe na direção indesejada ao objetivo da questão.

Os dados obtidos, com enfoque na internalização dos modelos de aprendizagem, devem ser interpretados para subsidiar o levantamento de hipóteses e delineamento da investigação, ou seja, dos instrumentos a serem aplicados no sujeito ou de outras investigações, como a entrevista com a professora e outros profissionais que estejam assistindo a criança no momento. 

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3.2 EOCA - Entrevista Operativa Centrada na Aprendizagem
A realização da EOCA tem a intenção de investigar o modelo de aprendizagem do sujeito sendo sua prática baseada na psicologia social de Pichón Rivière, nos postulados da psicanálise e método clínico da Escola de Genebra (BOSSA, 2000, p. 44).

Além disso, tem como objetivos: detectar sintomas e formular hipóteses sobre as prováveis causas das dificuldades de aprendizagem; levantar os possíveis obstáculos que emergem na relação do sujeito com o conhecimento e obter dados a respeito do paciente nos aspectos afetivos e cognitivos, a fim de formular um sistema de hipóteses e delinear linhas de investigação.

Para Visca, a EOCA deverá ser um instrumento simples, porém rico em seus resultados. Consiste em solicitar ao sujeito que mostre ao entrevistador o que ele sabe fazer, o que lhe ensinaram a fazer e o que aprendeu a fazer, utilizando-se de materiais dispostos sobre a mesa, após a seguinte observação do entrevistador: "este material é para que você o use se precisar para mostrar-me o que te falei que queria saber de você" (VISCA, 1987, p. 72).

O entrevistador poderá apresentar vários materiais, tais como: folhas de ofício tamanho A4, borracha, caneta, tesoura, régua, livros ou revistas, barbantes, cola, lápis, massa de modelar, lápis de cor, lápis de cera, quebra-cabeça ou ainda outros materiais que julgar necessários.

O entrevistado tende a comportar-se de diferentes maneiras após ouvir a consigna. Alguns imediatamente pegam o material e começam a desenhar ou escrever etc. Outros começam a falar, outros pedem que lhe digam o que fazer, e outros simplesmente ficam paralisados.

Neste último caso, Visca nos propõe empregar o que ele chamou de modelo de alternativa múltipla (1987, p. 73), cuja intenção é desencadear respostas por parte do sujeito. Visca nos dá um exemplo de como devemos conduzir esta situação: "você pode desenhar, escrever, fazer alguma coisa de matemática ou qualquer coisa que lhe venha à cabeça..." (1987, p. 73).

Durante a EOCA, é importante observar três aspectos: a temática, a dinâmica e o produto. O primeiro aspecto concentra-se em tudo o que o sujeito diz. Verifica-se o aspecto manifesto e o latente, se possível, da relação do sujeito com a aprendizagem. O segundo aspecto consiste na análise de tudo que o sujeito faz: gestos, postura corporal, expressões faciais, etc. O terceiro aspecto, o produto trata do que o sujeito realizou o que deixa impresso no papel ou na sua construção.

Com esses três aspectos, teremos o primeiro sistema de hipóteses sobre o sujeito. Estas deverão ser submetidas a uma verificação mais rigorosa nos passos seguintes do diagnóstico.

3.3 Teste Aperceptivo Infantil Psicopedagógico
Este teste tem sua origem no CAT, de uso dos psicoterapeutas e psicanalistas para a compreensão de aspectos da personalidade. O psicopedagogo clínico utiliza três pranchas contendo desenhos de animais em situações humanas para compreender, basicamente, três aspectos que favorecem a identificação da modalidade de aprendizagem: Como é significada a relação ensinante/aprendente; (prancha 1). Como circula o conhecimento na família; (prancha 2) Como se dá o aprendizado das convenções e normas. (prancha 3)

Inicialmente o psicopedagogo apresenta ao paciente as três pranchas para que ele as conheça. Posteriormente mostrará uma por vez solicitando-lhe que conte uma história, oralmente, relacionada à prancha apresentada. Deverá, igualmente, ser atribuído um título a esta história.

É importante salientar que as pranchas deverão ser apresentadas nesta ordem específica: da galinha, dos macacos e por último dos cachorros, pois elas provocam um aprofundamento das questões inconscientes que aparecerão nos relatos.

O enredo da história elaborada pode ser enquadrado em três categorias:
1) Descritivo: Estamos chamando de descritivo o texto que não tem um enredo, ele se limita à descrição do que está representado na prancha, não se desloca do que vê. Este tipo pode revelar um paciente com dificuldade de estabelecimento de vínculos, com dificuldade de interagir com o objeto de conhecimento, provocando, assim uma modalidade hipoassimilativa. Por ser aquele paciente muito preso ao aqui e agora, com déficit lúdico e criativo, que se prende muito a modelos e esquemas preestabelecidos, que fala pouco, omitindo-se na maioria das situações.
2) Descontextualizado: Neste caso o texto narrado apresenta um enredo, porém guardando muito pouco, ou quase nada, das situações apresentadas nas pranchas. Aqui podemos ter um paciente com dificuldades em lidar com a realidade, com os limites, que apresenta uma modalidade hipoacomodativa/hiperassimilativa.
3) Integrado: Neste caso temos um texto narrativo, adequado ao tema representado nas pranchas, como começo, meio e fim. Neste sentido caberá analisar o conteúdo narrado buscando investigar os tópicos específicos do teste em questão. Após esta análise geral deve-se iniciar a investigação dos temas identificados em cada uma das pranchas conforme detalhado a seguir.

Prancha 1
Esta prancha apresenta uma situação relacionada à alimentação, com três pintainhos sentados ao redor da mesa diante de uma tigela contendo alimento e a silhueta de um galo ou galinha ao fundo. O tema a ser investigado com a apresentação desta prancha diz respeito à como o paciente percebe o conhecimento, interage e se apropria dele, ou não, e o papel do ensinante nesse processo, relacionando o alimento da tigela com o conhecimento a ser adquirido.

Prancha 2

Esta prancha apresenta uma cena em que aparecem vários macacos numa sala, sugerindo uma situação de conversa familiar com três adultos e um filhote. Nesta cena deve-se investigar como se dá a circulação do conhecimento na família e como o paciente se percebe e é percebido enquanto alguém que conhece/desconhece no grupo familiar.

Prancha 3
A terceira prancha retrata dois cachorros, um filhote e um adulto, num ambiente que sugere um banheiro e numa situação que pode ser associada à higiene. Neste enredo podem ser investigadas a relação prazerosa ou autoritária e punitiva entre quem ensina e quem aprende aprendizagem de regras, a percepção de limites. 

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3.4 A Hora do Jogo
A hora do jogo se constitui em uma técnica desenvolvida por Pain (1985), tratando-se de uma atividade lúdica, que inclui três dos aspectos da função semiótica (função responsável pela internalização de significantes e significados): o jogo, a imitação e a linguagem. O sujeito que é capaz de utilizar essa função pode aprender, pois está utilizando códigos, símbolos e signos, que fazem parte do conhecimento.

Os objetivos que contemplam essa técnica são:
- verificar na criança a inter-relação que esta estabelece com o desconhecido e o tipo de obstáculo que emerge dessa relação;
- possibilitar uma leitura dos aspectos relacionados á função semiótica da criança, por meio de símbolos e verificar o nível dos processos acomodativos e assimilativos;
- fazer uma leitura dos conteúdos manifestos pela criança em relação aos aspectos afetivos-emocionais, relacionando-os com a aprendizagem.

Segundo a autora, pode-se aplicar a técnica denominada a Hora do Jogo, até a idade de 9 anos (PAIN, 1985). Para jogar é necessário ter um espaço transicional, um espaço de confiança, de criatividade, o mesmo espaço que se precisa para aprender.

Na hora do jogo são utilizados materiais preponderantemente não figurativos. Colocam-se dentro de uma caixa, com tampa separável, elementos com as seguintes características: para desenhar, recortar, pegar, costurar, olhar, ler, escrever, caixas de diferentes tamanhos, para modelar, para juntar. Colocam-se diferentes elementos com mesmo fim, cola, durex, grampeador, furador, possibilitando o desdobramento se assim o sujeito quiser. Os papéis devem ser variados, tanto na forma como na cor e tipo.

Podem ser colocados blocos de construção e folhas impressas prontas (de modo a verificar a liberdade ou a submissão), lápis de cor, lápis preto, borracha. Os materiais não precisam ser novos, mas devem ter uma boa conservação. A caixa deve ser de fácil acesso e cômoda, estando ela no chão ou na mesa.

A consigna é a seguinte: "Aqui está uma caixa com muitas coisas e você pode brincar com tudo o que quiser; enquanto isso, eu vou anotar o que você vai fazendo. Um pouco antes de terminar, eu vou te avisar." Geralmente procura-se fazer uma sessão de 50 a 60 minutos de duração para a administração dessa técnica.

Com o auxilio dos dados observados durante a técnica, o terapeuta deve analisar as respostas tanto verbais como gráficas do sujeito, tentando levantar hipóteses da significação do aprender para ele, a mobilidade inter-relacionada com inteligência e desejo, a construção do símbolo, tentar observar as modalidades de aprendizagem que aparecem ver a capacidade do sujeito para criar, imaginar, refletir, argumentar, etc.

Há alguns momentos da Hora do Jogo que devem ser destacados para facilitar a análise do examinador, são eles: o inventário, a organização e a integração. No inventário a criança classifica os materiais, seja por mera manipulação, seja experimentando o funcionamento, ou seja, olhando dentro da caixa, favorecendo as possibilidades de ação.

O momento seguinte é o da organização, dedicado à postulação de um jogo. O material passa a ser utilizado para uma ação, uma organização simbólica. Nessa fase a criança combina, ajusta os materiais na busca de um fim antecipado, aceitando e descartando possibilidades. Depois desses momentos o próximo será o da integração, a aprendizagem propriamente dita, quando o sujeito incorpora o que fez aos seus esquemas anteriores, jogando, brincando com sua confecção. É o momento em que dá sentido à sua criação. Possivelmente sujeitos com problemas podem apresentar dificuldades em alguma dessas etapas.

3.5 Técnica Pareja Educativa

Nessa técnica obtém-se uma produção gráfica e verbal, permitindo uma análise do conteúdo latente e manifesto da relação do sujeito com a aprendizagem e com quem a propicia. Para a aplicação, entrega-se ao sujeito uma folha de sulfite (tamanho ofício), um lápis preto e uma borracha.

Dá-se a seguinte consigna: "Desenhe duas pessoas uma que está ensinando e outra que está aprendendo". Executada a tarefa pede-se que dê o nome e a idade das pessoas. Depois solicita-se que fale sobre o que desenhou, isto é, o que está acontecendo. Pede-se então ao sujeito que vire a folha e, na parte de trás, escreva uma história do que está acontecendo na cena.

Posteriormente pede-se que dê um nome para a história. O desenho é analisado levando-se em consideração tanto os aspectos gráficos (traços, tamanho, posição na folha, detalhes) quanto os vinculares com o conhecimento e com o "outro" (aquele que lhe passa conhecimento) que a cena transmite. Percebe-se, então, como o sujeito se coloca numa situação de aprendizagem e como percebe a mesma.

A estruturação e a sequência de pensamento são elementos importantes na análise, bem como o grafismo como um meio de detectar déficits de escrita e em que momento do relato estes ocorrem. Toda dinâmica da aplicação dever ser anotada, visando a enriquecer e tornar mais fidedigna a interpretação. 


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3.6 Técnica Par Educativo Familiar
Essa técnica tem como objetivos:
- conhecer as relações vinculares familiares sob a óptica do sujeito e como este se coloca tanto geograficamente como afetivamente no contexto projetado;
- levantar o tipo de vínculo que permeia o processo de aprendizagem de vida, transferindo-o para as situações de aprendizagem escolar;
- detectar outros fatores, oriundos da dinâmica familiar, que possam vir a auxiliar a construção ou confirmação de hipóteses sobre as possíveis causas do "não aprender";
- analisar o desenho e a escrita do ponto de vista cognitivo e motor, bem como o tipo de erro gráfico cometido.

Para a realização dessa técnica, os materiais utilizados são: papel sulfite, lápis preto, borracha, régua e apontador que deverão estar dispostos sobre a mesa. A aplicação constará de três momentos. No primeiro momento, acontece a elaboração de um desenho pelo sujeito. No segundo momento, uma história narrada verbalmente, seguida de arguições do aplicador, cujo conteúdo será registrado, bem como o tempo de latência (tempo entre a consigna e o início da execução) e outras possíveis resistências. E Finalmente no terceiro momento, pede-se ao sujeito que escreva a história por ele contada.

A avaliação deverá seguir primeiramente com uma interpretação do desenho, perseguindo objetivo por objetivo, nos três momentos. A seguir serão construídas as hipóteses sobre as possíveis causas das dificuldades de aprendizagem do sujeito, tendo como referencial as interpretações.

3.7 Técnica Psicopedagógica dos Rabiscos
Essa técnica é funcional tanto no diagnóstico como no tratamento psicopedagógico. A técnica em questão consiste em colocar sobre a mesa: papel sulfite, lápis preto, apontador, borracha, giz de cera, canetas hidrográficas e lápis de cor, para que o sujeito use o material de sua preferência.

A seguir pede-se ao sujeito que faça um rabisco qualquer no papel e esclarece-se a ele que o terapeuta vai continuar o seu rabisco (com um marcador diferente) e que ambos vão construir algo até que o examinando considere executada a tarefa.

Em seguida, solicita-se ao sujeito que pergunte com o que se parece o desenho. Partir desse momento inicia-se o inquérito, sempre argumentando e contra argumentando com o sujeito. Essa técnica tem como objetivos:
- obter dados a respeito do significado do desenho realizado e seus significantes para o processo de aprendizagem;
- verificar os pontos de desequilíbrio no sujeito, que expliquem o processo de recalque do pensar (bloqueios cognitivos);
- obter indicadores de uma problemática orgânica ou emocional que desorganiza o pensamento, a fim de processar os devidos encaminhamentos.

3. 8 Aplicação Sessão Lúdica - Mãe-filho(a)

Essa técnica tem como objetivos principais:
- Levantar os modelos de aprendizagem internalizados pelo sujeito, com a leitura dos aspectos manifestos e latentes presentes na interação mãe-filho (a) durante a atividade;
- Verificar a forma pela qual ambos se vinculam a situações novas e desconhecidas e, consequentemente, com o conhecimento;
- Pesquisar os esquemas de pensamento utilizados por ambos, em situações de conflito que demandam soluções;
- Detectar o tipo de vínculo que predomina nessa interação e a forma pela qual a mãe ensina a criança a lidar com a aprendizagem.

A avaliação dessa técnica deverá ser oriunda da leitura dos aspectos implícitos nos objetivos propostos. Após a interpretação dos dados as hipóteses serão levantadas e direcionadas para a explicação das possíveis causas da dificuldade de aprendizagem da criança. Com base nas hipóteses levantadas por essa técnica e pela confirmação das hipóteses anteriores o examinador deverá planejar sua intervenção, delineando os instrumentos a serem utilizados em uma sessão posterior.

3. 9 Técnica Coleção Bonecas
A técnica a seguir propõe os seguintes objetivos:
- verificar na criança a vinculação com uma situação nova e desconhecida e com um instrumento que gera confusão, consequentemente a presença dos processos de recalque;
- levantar os esquemas de pensamento de que a criança dispõe, tais como classificação, seriação, conservação, pré-reversibilidade têmporo-espacial, lateralidade, inclusão de classes, ordem crescente-decrescente, critérios como em cima, embaixo, com, sem, direita, esquerda e discriminação de detalhes no campo perceptual.

Os materiais utilizados para essa técnica são: 36 cartelas com figuras semelhantes, em sua estrutura básica, formando três subcoleções. Cada subcoleção é formada de 12 figuras (louras, ruivas e morenas), sendo estas assim divididas: 6 de cabelos compridos e 6 de cabelos curtos. Todas as subcoleções tem como elementos básicos o perfil, a cor do vestido, com sardas e a mesma figura sem sardas.

Como variante fornecem com margarida e rosa, sem margarida e rosa, com rosa e sem rosa. Para a aplicação, solicita-se à criança que agrupe as figuras (depois de embaralhadas) da forma que considerar melhor. Em seguida, pede-se que esta explique o que fez e o porquê da ação. Para este trabalho, pode-se oferecer à criança uma, duas ou as três subcoleções (loiras, ruivas ou morenas), dependendo do estágio cognitivo que o aplicador supor que a mesma se encontre.

Sugere-se que o aplicador inicie (para uma criança do período operatório concreto) com duas subcoleções. Caso haja domínio da tarefa pelo sujeito, deve-se introduzir a terceira subcoleção. Por três ou mais vezes, tendo a criança realizado, e explicado a tarefa solicitada, pode-se explorar o material conforme sugestões a seguir: - retirar uma figura e perguntar o que falta; - solicitar que monte uma sequencia com uma subcoleção e oferecer outra para que encaixe na sequencia montada; - retirar as figuras que estão acima das figuras; - armar uma sequencia e colocar figuras diferentes e solicitar à criança que retire e arme as semelhanças; - solicitar ao sujeito para armar duas sequencias e pedir-lhe para apontar as figuras que não tem.

Nessa atividade, toda ação do sujeito deve ser questionada. A dinâmica da aplicação deve ser registrada, bem como todas as respostas e ação do sujeito. Para a avaliação, deve-se construir um quadro contendo todos os itens dos objetivos, para irem sendo preenchidos, de acordo com a ação e respostas do sujeito. Deve-se acrescer o item dinâmica da aplicação. A confirmação dos resultados pode ser obtida por meios das provas operatórias. 

16032012115925134846106- mod.jpg Diagnóstico Psicopedagógico
3.10 Coleção Papel de Carta
O teste    
Coleção de Papel de Carta (CPC) objetiva detectar os aspectos afetivos, cognitivos e emocionais (subjacentes à aprendizagem) na criança ou adolescente, que explicam os bloqueios e inibições presentes na aprendizagem. Contém as lâminas para aplicação e manual de orientação com os referidos procedimentos para diagnóstico (CHAMAT, 1997).

Com a apresentação das seis lâminas do teste pretende:
- levar a criança a projetar-se nos personagens, possibilitando detectar possíveis causas de suas dificuldades de aprendizagem, pela análise dos aspectos manifestos e latentes de sua elaboração, bem como a análise de sua escrita;
- levantar as possíveis causas da dificuldade de aprendizagem da criança no campo afetivo-cognitivo e a problemática emocional subjacente à aprendizagem quanto aos obstáculos que emergem na relação com o conhecimento;
- analisar os esquemas de pensamento utilizados pelo sujeito, na estruturação das histórias, bem como os aspectos relacionados com sua função semiótica, isto é, os recursos disponíveis quanto aos significantes e significados;
- processar uma análise específica de sua produção escrita, quanto à estruturação da história e os tipos de erros cometidos, a fim de subsidiar o trabalho psicopedagógico.

As laminas tem as seguintes descrições:
Lamina 1 - Comunicação
Lamina 2 - Vinculação afetiva
Lamina 3 - Recebimento de afeto
Lamina 4 - Interação Familiar
Lamina 5 - Relação com aprendizagem
Lamina 6 - Prognóstico

A análise da escrita ocorre em função da escolha da lamina que mais gostou, com vistas à detecção da problemática descrita no manual (CPC). A aplicação da CPC deve ser efetuada na fase diagnóstica, após terem, aplicador e sujeito, tido algum contato anterior, quer seja pelo do estabelecimento de um rapport ou mesmo pela aplicação de alguma outra técnica em sessão anterior.

3.11 Técnica do "EU" Ideal e Real
Em todo diagnóstico psicopedagógico, o avaliador deve direcionar suas conclusões no sentido de separar o que é causado pela escola, pela família e o que é do próprio sujeito, como elementos orgânicos e/ou da interação dos grupos anteriores, ficando depositário das deficiências e "atrapado" para o conhecimento.

Essa técnica tem como objetivos:
- levantar os aspectos afetivo-cognitivos que impedem a aprendizagem que são pertinentes ao próprio sujeito;
- detectar por meio da projeção no desenho como este se percebe, subsidiando a confirmação de hipótese e delineando o trabalho de tratamento;
- verificar a quantidade de afeto que o sujeito despende a si mesmo, na questão do amor próprio, aceitação ou rejeição;
- analisar o desenho do ponto de vista cognitivo (maturacional), correspondente à realidade e motor.

Para a execução dessa técnica utiliza-se papel sulfite, lápis preto, borracha, régua, apontador (os materiais deverão estar dispostos sobre a mesa). A aplicação da mesma constará de quatro momentos:
1º Momento: elaboração do desenho pelo sujeito. Dá-se a seguinte consigna: "gostaria que você me mostrasse, desenhando, como gostaria de ser."
2º Momento: Solicita-se que fale sobre o desenho. O aplicador deve explorar ao máximo, utilizando-se de questionamentos (todo relato deve ser anotado).
3º Momento: "agora, gostaria que você desenhasse como você é.". 4º Momento: Tem-se o mesmo procedimento do segundo momento.

Toda dinâmica deve ser anotada. A avaliação deve ser feita direcionada pelos objetivos e levando-se em conta outros aspectos emergentes. 

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3.12 Técnica Psicopedagógica do Desenho Livre
Os objetivos dessa técnica são:
- verificar, por meio da análise dos conteúdos manifestos e latentes, no desenho, os aspectos afetivos, cognitivos, motores e emocionais que elucidam a dificuldade de aprendizagem;
- analisar a produção do sujeito em relação à produção de crianças da mesma série;
- observar o desenho como um todo e interpretá-lo levantando em consideração as hipóteses levantadas na aplicação de outras técnicas.

A técnica consiste em oferecer à criança papel sulfite, lápis preto, lápis de cor e borracha. Dá-se a seguinte consigna: "Desenhe o que você quiser." Observa-se a execução de movimentos, o envolvimento da criança com a sua produção, a forma pela qual utiliza os materiais e as dificuldades apresentadas. Executado o desenho, pede-se para a criança falar sobre o que desenhou objetivando verificar significantes significados e a construção do pensamento.

Pode-se solicitar que o sujeito escreva o que falou sobre o desenho. Avaliam-se os seguintes aspectos:
- Motores: movimento, tipo de traçado.
- Cognitivos: a adequação das formas, detalhes e tamanhos dos objetos, buscando relacioná-los com o conteúdo verbal.
- Afetivos: verificam as cores utilizadas, o vínculo coma situação de execução do trabalho e o conteúdo manifesto do desenho quanto à proximidade ou distância dos objetos em relação à criança. É importante buscar relacionar a execução e produção do desenho com o grafismo da criança.
- Análise da escrita: o conteúdo na escrita tende a ser menos extenso do que a narrativa. Quando este é muito restrito, revela um bloqueio na vinculação do sujeito, com sua produção, pelo medo do ataque.

Deve-se ater à análise dos seguintes aspectos: - dificuldade na construção de palavras e frases; - em que período silábico a criança se encontra; - que tipo de erro é cometido, se é perseverante ou não; - presença de trocas de letras, perseverantes ou não; - se os erros cometidos são decorrentes de um déficit na alfabetização, com a finalidade de pesquisar se a causa é decorrente de uma insuficiente pedagogia escolar ou familiar; - tipo de escrita: repassada; letra muito pequena ou muito grande; pressão do tônus muscular, déficit de coordenação motora; déficit na noção têmporo-espacial; uso excessivo de borracha.

3.13 Técnica Psicopedagógica da Figura Humana
A presente técnica tem como objetivos:
- Verificar na criança, por meio do seu desenho, o nível de maturidade cognitiva (indicadores) e psicológica para o início da escolaridade;
- Obter indicadores pela associação do desenho da figura humana, associado aos aspectos psicomotores, sobre o esquema corporal da criança. Essa técnica mede o nível de maturação para a aprendizagem da leitura e da escrita.

A organização desse teste partiu do pressuposto que a elaboração é normalmente influenciada pelo treinamento, em geral adquirido na pré-escola. Esse aprendizado, segundo os autores, parece refletir de forma específica na execução da figura humana. O esquema corporal é a consciência imediata do nosso corpo. Toda vez que a criança desenha, tende a revelar-se, pois, para ela, o desenho é mais um veículo para exprimir ideias do que uma técnica de produção artística.

As crianças, que rabiscam seus desenhos ou ficam envergonhadas diante de sua produção ou fazem uma figura estranha e contorcida, devem ser observadas, pois são possíveis portadoras de sintoma de comportamento perturbado ou de problemas emocionais.

3.14 Técnica Psicopedagógica do Desenho da Família
Essa técnica tem como principais objetivos:
- Por meio do desenho da família, verificar como a criança se coloca no contexto familiar, seus vínculos afetivos com as pessoas e com o conhecimento, com a finalidade de subsidiar o teste Pareja Educativa (a relação do ser que ensina com o ser que aprende) e levantar os déficits cognitivos aparentes.
- Propicia também a leitura de forma pela qual a criança se percebe diante do saber e consequentemente a sua síntese cognitiva sobre o "não aprender", deixando claro no contexto latente a função da "doença", para ela e no meio familiar. A aplicação e análise do teste da família se baseiam na prática pedagógica.

Na análise desse desenho, temos verificado que as crianças que apresentam desajustes ou inadequação ao ambiente familiar revelam no desenho alguma problemática nesse sentido, o que pode, segundo Visca (1987), trazer consequências desastrosas ao vínculo com o conhecimento.

O psicopedagogo deve estar atento para a análise dos conteúdos manifestos e latentes, tais como: - afetividade - proximidade, distanciamento ou omissão dos vínculos; - aspecto motor ou de vinculação coma tarefa - tipo de traçado, - maturidade cognitiva do desenho. Com a finalidade de observar se o caso merece uma avaliação psicológica (caso de encaminhamento), solicita-se á criança que primeiro desenhe a família que gostaria de ter (a ideal), em seguida, sobre sua família (real). Pede-se a seguir que dê nomes e idades e fale sobre os desenhos, verificando a correspondência coma realidade da criança, estruturação das frases, sequenciação (início, meio e fim). 

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3.15 Técnica: Situação Agradável e Desagradável
A presente técnica tem como objetivo verificar o que o sujeito revela ou está por revelar, por meio da projeção no papel, o conteúdo manifesto ou latente de sua problemática de aprendizagem, ou mesmo do contexto familiar que o mantém impossibilitado para o conhecimento escolar e/ou de vida. A técnica em si, além do objetivo a que se propõe, auxiliará o terapeuta a confirmar ou refutar hipóteses levantadas anteriormente.

Para sua aplicação dever estar disponíveis para o sujeito os seguintes materiais: papel sulfite ou colorido, canetas hidrográficas de diversas cores. Papelão de tamanhos variados, lápis de cor, no mínimo uma caixa contendo doze unidades, tinta guache com cores básicas, massa de modelar (em potes), lápis preto nº2, borracha, apontador, pincel atômico: vermelho e azul, lápis de cera de uma espessura mais forte, papéis coloridos, régua, tesoura e cola. Esses materiais tem a finalidade de liberar a criatividade, seduzindo o sujeito para a execução de "algo", que muitas vezes, ele mesmo nem sabe, conscientemente, o seu produto final.

A consigna é: "Gostaria que você mostrasse para mim, uma situação de que gosta muito." Deve-se acrescentar: "Use o que quiser desses materiais." Ao término da atividade o terapeuta deve indagar sobre o que foi feito, explorando o conteúdo latente do material. Em seguida, ou mesmo em outra sessão, deve-se solicitar ao sujeito que mostre, utilizando os materiais, uma situação de que não gosta.

3.16 Provas do Diagnóstico Operatório
As provas do diagnóstico operatório contemplam as atividades que objetivam:
1. Conservação de pequenos conjuntos discretos de elementos
2. Conservação das quantidades de líquidos (transvasamento)
3. Conservação da quantidade de matéria (quantidade contínua)
4. Conservação do comprimento
5. Conservação do peso
6. Conservação do volume
7. Classes - mudança de critério (dicotomia)
8. Quantificação da inclusão de classes
9. Intersecção de classes
10. Seriação de bastonetes
11. Prova de combinação de fichas duplas para pensamento formal
12. Permutações possíveis com um conjunto determinado de fichas

3.17 Teste WISC

O teste WISC consiste de algumas provas que propõem perguntas sobre:
Prova Um: Informação (que testa o domínio dos conhecimentos gerais),
Prova Dois: Compreensão (remetem a vivência pessoal e situações de natureza social),
Prova Três: Aritmética (verifica a capacidade de o sujeito usar conceitos numéricos abstratos e operações aritméticas indicativas de seu desenvolvimento cognitivo),
Prova Quatro: Semelhanças (exige um raciocínio de inclusão de classes, em que o sujeito busca aspectos qualitativos das relações básicas entre as coisas que podem ser aparentemente distintas),
Prova Cinco: Vocabulário (reflete o nível cultural, de escolaridade e o meio sociocultural em que vive. Pretende dar uma visão da capacidade da criança, para adquirir informações, de sua riqueza de ideias, do tipo e da qualidade de sua linguagem),
Prova Seis: Números (explora-se nesse teste o nível de concentração e atenção, a memória verbal de números),
Prova Sete: Completar figuras (o sujeito deve nomear ou apontar o que falta. Exige atenção e identificação visual de objetos, com uma rápida discriminação do que é essencial no global da figura),
Prova Oito: Arranjo de figuras (explora a percepção de detalhes nos diferentes cartões, englobados numa compreensão lógica no total. Usa situações sociais do cotidiano e de fácil ocorrência no meio),
Prova Nove: Cubos (explora a percepção, análise, síntese e reprodução de desenhos abstratos. É uma prova não verbal, que usa relações espaciais para verificar aspectos de raciocínio lógico. É necessária também certa coordenação visomotora),
Prova Dez: Quebra-cabeça (requer uma percepção de detalhes com boa antecipação visual das relações parte-todo, síntese de formas visuais concretas, coordenação visomotora, flexibilidade para trabalhar em meta desconhecida),
Prova Onze: Código (explora a capacidade de aprender a associação de símbolos e formas ou números, revelando a destreza visomotora e a coordenação motora fina).

3.18 Teste - HTP

O Teste HTP do inglês, House, Tree, Person é um teste de grafismo aplicado em avaliações psicológicas, sendo frequentemente utilizado em testes de admissão de empresas e por órgãos do serviço público.

Fundamentos
O teste HTP deriva da interpretação das teorias de Sigmund Freud, ampliando-se o conceito de que "A criança é o pai do homem". Considerando que o desenho é um hábito comum entre as crianças, o teste HTP, aplicado em adultos, é utilizado para a detecção da realidade interna, tentando ultrapassar a barreira sobre como utilizamos uma máscara: a beleza, perfeição e estética. Neste sentido, através do uso do desenho, busca-se a exatidão da psique através do que se revela: a essência, o fenômeno existencial, o homem como é.

Traços de personalidade
O teste consiste em se submeter uma folha em branco com o tema Casa, Árvore e Pessoa. Através da análise do desenho produzido busca-se um traço de personalidade: a imagem interna de si mesmo e de seu ambiente. Considera-se, no teste HTP, que os desenhos têm grande poder simbólico, reveladores de experiências emocionais e de ideais ligados ao desenvolvimento da personalidade.

4 Considerações Finais
Após alguns estudos e análises bibliográficas conclui que a Psicopedagogia surgiu da demanda dos problemas de aprendizagem e é por esse motivo que tem como objeto de estudo a aprendizagem humana. Os diversos autores que tratam da Psicopedagogia enfatizam o seu caráter interdisciplinar.

A psicopedagogia como área de aplicação, tem procurado sistematizar um corpo teórico próprio, definir o seu objeto de estudo, delimitar seu campo de atuação e, para isso, recorre a outras áreas e teorias, por isso sua característica interdisciplinar.

Atualmente, a psicopedagogia trabalha com uma concepção de aprendizagem segundo a qual participa desse processo um equipamento biológico com disposições afetivas e intelectuais que interferem na forma de relação do sujeito com o meio, sendo que essas disposições influenciam e são influenciadas pelas condições socioculturais do sujeito e do seu meio.

O psicopedagogo é o profissional que realiza o diagnóstico psicopedagógico, ou seja, diagnostica, investiga e orienta quanto aos problemas de aprendizagem favorecendo o desenvolvimento de atitudes e processos de aprendizagem adequados.

Nesse trabalho clínico o psicopedagogo busca não só compreender o porquê de o sujeito não aprender algumas coisas, mas o que ele pode aprender e como. Para isso, o psicopedagogo clínico conta com o apoio de uma gama de testes pelos quais chamamos de Diagnóstico Psicopedagógico. É através deles que o psicopedagogo detecta os problemas de aprendizagem. É um processo que permite ao profissional investigar, levantar hipóteses provisórias que serão ou não confirmadas ao longo do processo recorrendo, para isso, a conhecimentos práticos e teóricos. É ele, portanto, a base que dará suporte ao psicopedagogo para que este faça o encaminhamento necessário.

Referências
ANDRADE, M. S. Psicopedagogia Clínica: Manual de aplicação prática para diagnóstico de distúrbios do aprendizado. São Paulo: Póluss Editorial, 1998.
BOSSA, N. A. A Psicopedagogia no Brasil: contribuições a partir da prática. Porto Alegre: Artmed, 2000.
CHAMAT, L. S. J. Técnicas de Diagnóstico Psicopedagógico - O diagnóstico clínico na abordagem interacionista. 1. Ed. São Paulo: Vetor, 2004.
PAIN, S. Diagnóstico e Tratamento dos Problemas de Aprendizagem. Porto Alegre: Artes Médicas, 1985.
PORTO, O. Bases da Psicopedagogia: Diagnóstico e Intervenção nos problemas de aprendizagem. 3. Ed. Rio de Janeiro: Wak Ed., 2007.
RUBINSTEIN, E. A intervenção psicopedagógica clínica. Porto Alegre: Artes Médicas, 1992.
SANDRA D. M. S.; DORO, W. F.; SANTOS, E. O. (2003). Desenhando a realidade interna. PSIC 4 (2): 70-6. VISCA, J. Clínica Psicopedagógica. Epistemologia Convergente. Porto Alegre, Artes Médicas, 1987.
WEISS, M. L. L. Psicopedagogia Clínica: uma visão diagnóstica dos problemas de aprendizagem escolar. 12. Ed. Rio de Janeiro: Lamparina, 2007.
http://www.artigos.com/artigos/sociais/sociedade/qual-a-funcao-do-psicopedagogo-?-2060/artigo - Acesso em 10/04/2011 às 24h30.
www.psicopedagogiabrasil.com.br/artigos_teresinha_recursospsicop.htm - Acesso em 10/04/2011 às 23h. http://www.psicopedagogia.com.br/artigos/artigo.asp?entrID=489 - Acesso em 10/04/2011 às 23h30.

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